Postado em quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Polícia Federal prende médicos e servidores do INSS em Alfenas
Alessandro Emergente
Henrique Higino
A Polícia Federal (PF) prendeu várias pessoas em Alfenas acusadas de envolvimento com supostas fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Três médicos peritos foram presos na manhã desta quarta-feira e estão detidos na Penitenciária de Três Corações. Outros quatro funcionários também foram detidos acusados de integrar o esquema de fraude na previdência, investigado através da “Operação Quimera” desde novembro do ano passado.
A candidata a vereadora pelo PDT, Maria do Carmo Andrade Carvalho, funcionária licenciada do INSS, também foi presa. Ela é acusada pela PF de atuar como uma das agenciadoras em um esquema (envolvendo cidades de Minas e São Paulo) que lesou os cofres públicos em R$ 6 milhões, mas, segundo a PF, este valor pode chegar a R$ 20 milhões. O esquema vinha sendo executado há cinco anos.
Dr. Godinho (azul), Boa Ventura (colete) e Edwar Quirino
Os médicos do INSS que foram detidos são Edward Quirino (Provedor da Santa Casa), Boaventura Passos Vinhas (secretário de Esportes) e José Antônio Godinho. Na região, 20 pessoas tiveram a prisão temporária por cinco dias decretada (pode ser renovada por mais cinco). De acordo com informações divulgadas pela EPTV, 17 foram encaminhadas para a Penitenciária de Três Corações e outras três – que são advogados – foram para Belo Horizonte.
Durante a tarde, os detidos prestaram depoimentos na Delegacia da PF em Varginha. Nesta quinta-feira, os policiais começam a ouvir cerca de 40 beneficiários do esquema que teriam obtido auxílios-doença e aposentadorias por invalidez de forma irregular. Laudos de perícia seriam fraudados para favorecer pessoas que pagavam valores “extras” para obterem o benefício do INSS. Alguns servidores foram presos por facilitarem o esquema.
A ação policial, envolvendo 180 agentes, ocorreu em várias cidades do Sul de Minas e do interior paulista. Ao todo, foram 20 mandados de prisão temporária e 37 de busca e apreensão. Além de Alfenas, os policiais atuaram em Monte Belo, Conceição da Aparecida e Serrania. Em São Paulo, a PF cumpriu a Operação em Limeira, Jundiaí e Matarazzo. A acusação aos envolvidos é de corrupção passiva e ativa, estelionato previdenciário, falsidade ideológica e inserção de dados falsos no sistema público e formação de quadrilha.
Maria do Carmo Andrade Carvalho
A ação policial em Alfenas teve início logo pela manhã, após às 6h. Os médicos foram abordados em suas próprias residências. A agência do INSS permaneceu fechada durante todo o dia. Várias pessoas que procuraram o serviço da agência tiveram que voltar para suas casas sem o atendimento que será retomado nesta quarta-feira. Do lado de dentro, os agentes da PF vasculharam o local em busca de provas e só deixaram o prédio no final da tarde. As prisões foram acompanhadas por um representante da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O delegado João Carlos Girotto disse ao Portal G1 que o grupo contava a participação de advogados, despachante, e médicos do INSS. Os "clientes" procuravam a quadrilha e agendavam perícias com médicos envolvidos na fraude, para que pudessem conseguir benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Metade dos benefícios eram repassadas aos integrantes do esquema por até cinco meses.
O nome da Operação vem da mitologia grega. Quimera, era um fabuloso monstro com cabeça de leão, torso de cabra e cauda de dragão que soltava fogo pela boca. Em português, a palavra quimera significa produto da imaginação, fantasia, utopia.
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